segunda-feira, 14 de outubro de 2013

União Sul - Americana - Flavio Farias

UNIÃO DE NAÇÕES SUL-AMERICANAS: ONTOLOGIA DE UMA FORMA ESTATAL REGIONAL 
Flávio Bezerra de Farias
A ALCA, o MERCOSUL e a ALBA – com seus substitutivos e desdobramentos respectivos, nas formas direitistas de tratados bilaterais de livre comércio, centro-esquerdista de reforma social-liberal, bem como nacionalista radical de antiimperialismo –estão mudando efetivamente a socioeconomia da região. Mas, esses projetos de integração são marcados por ideologias mercantis, regulacionistas, eurocentristas, etc., que trazem no seu bojo sonhos e antecipações sociais conformistas.
Ocultam tanto a demolição dos esboços de Estado social e a expulsão do trabalho vivo das constituições latinoamericanas, como a recolonização pura e simples da região pelas potências imperialistas, como também o prolongamento do mito do desenvolvimento econômico regional, através de utopias abstratas e positivistas sobre a construção de um bloco progressista e rival da Tríade. Para além do debate sobre os 
projetos alternativos de integração regional, dado que existem classes e antecipações sociais em disputa, uma abordagem crítica e revolucionária deve colocar“o problema da unidade regional num terreno de plataformas de luta, completamente diferente da análise desse tema em termos de negócios ou nichos de rentabilidade.” (Katz, 2006g: 118). Deve, também, fazer reflexões sobre a especificidade da unidade na luta dos povos pela construção do socialismo na América Latina, em vez de tentar elucidar a emergência de um capitalismo melhor na região, sob a influência de rebeliões populares domadas pelo social-liberalismo e de acordos de integração afinados pelo reformismo (Saludjian, 2004). 
Katz (2006g: 123) adotou o marxismo, para a defesa da utopia concreta da unidade latinoamericana, na qual “a meta do socialismo brinda um norte à ação dos movimentos de luta”. Recorreu a abundantes dados empíricos consistentes, para apreender a atualidade do fenômeno abordado e situá-lo no tempo e no espaço, bem como distinguir os episódios das tendências. Enfim, de maneira ampla e profunda, considerou a luta de classes historicamente determinada como motor das mutações regionais. 
O desenvolvimento desigual, o imperialismo e as alianças de classes não são os mesmos da época em que surgiram os modelos da dependência, da heterogeneidade estrutural e da substituição de importações. A grande transformação atual, através da reestruturação e da mundialização do capital, leva ao desenvolvimento de blocos regionais, cujos fins são quer defensivos, quer ofensivos. Assim, “sob a compulsão competitiva que impõe a crescente internacionalização da economia, as classes 
dominantes de todos os países redefinem – através de acordos regionais – seus novos aliados e concorrentes.”. Isto provoca na América Latina, em particular, “agudos conflitos entre as alianças extra-regionais propiciadas pelas grandes potências e as frágeis tentativas de articulação regional.” .

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