quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Geoprocessamento

GEOPROCESSAMENTO: CONCEITO E PRÁTICA

RESUMO 
Este  trabalho  consiste  em  esclarecimentos  relativos ao  Geoprocessamento  enquanto 
ferramenta de trabalho útil à resolução de questõesque têm na dimensão espacial um 
fator fundamental. Imenso interesse há em suas aplicações práticas, desconsiderando-se, 
por vezes, noções conceituais claras e  muitas vezesessenciais. Esclarecer conceitos é 
um meio de melhorar o desejado trabalho prático. 
Palavras-chave:Geoprocessamento, conceito e trabalho. 
COUTO, Leandro C. O.

CONCEITOS E DEFINIÇÕES 
A  obtenção  de  informações  sobre  a  distribuição  geográfica  de  fenômenos  e  objetos  é 
parte importante das atividades de organização da sociedade. Antes contidas em mapas 
e documentos em papel impresso, o desenvolvimento da Informática na segunda metade 
do  século  XX  possibilitou  armazenar  e  representar  tais  informações  em  ambiente 
computacional, culminando no advento da prática do Geoprocessamento, tido como: 
“um ramo do processamento de dados que opera transformações nos 
dados  contidos  em  uma  base  de  dados  referenciada  territorialmente 
(geocodificada), usando recursos analíticos, gráficos e lógicos, para a 
obtenção e apresentação das transformações desejadas”. 
(XAVIER-DA-SILVA. 1992, p. 48 apudMOURA, 2003, p. 9)

Segundo  Moura  (2003)

,  a  palavra  Geoprocessamento  é  o  hibridismo  do  termo  grego 
gew (Terra)  com  o  termo  latino  processus (progresso,  “andar  avante”),  significando 
implantar um  processoque traga um  progresso, um andar avante, na representação da 
superfície da Terra. 

Adaptado do Trabalho de Conclusão de Curso da especialização em Geoprocessamento do Centro 
Universitário de Belo Horizonte – UNI-BH (2009). 

Geógrafo. leandro.cosme@gmail.com. 
Reúnem-se  hardware,  software,  base  de  dados,  metodologias  e  operador,  que 
analogicamente correspondem às ferramentas materiais e virtuais de trabalho, à matériaprima, às técnicas do ofício e ao trabalhador. Com  os componentes técnicos de suporte 
material  (hardware)  e  os  programas  de  manipulação  de  dados  no  suporte  lógico 
(software),  trabalhar  com  Geoprocessamento  significa  utilizar  computadores  como 
instrumentos de manuseio de dados para representação digital do espaço geográfico. 
O  conjunto  de  dados  cujo  significado  contém  associações  ou  relações  de 
natureza  espacial  formam  uma  informação  geográfica  (TEXEIRA  et  al,  1992  apud
ROCHA,  2000)
,  dispostas  em  planilhas  alfanuméricas,  matrizes  e  representações 
gráficas  vetoriais.  Para  que  essas  informações  sejam  submetidas  ao  processamento 
computacional, a cada tipo de informação é associado um valor numa escala de medida 
ou  referência,  o  que  insere  a  representação  dos  fenômenos  geográficos  na  lógica  dos 
sistemas de informação. São exemplos de usos do Geoprocessamento: 
• a determinação de aptidão agrícola: com os mapas de solo, de declividade e de 
precipitação de determinada região submetidos a umaescala de medida de qualidade, o 
cálculo da média  ponderadaentre o tipo de solo, o valor da declividade e a quantidade 
de precipitação média mensal indica como boa, médiaou ruim a aptidão agrícola das 
porções dessa região; 
• a indicação de susceptibilidade à urbanização: a inclinação do relevo conjugada 
ao uso e à ocupação do solo permite a definição de áreas vulneráveis à expansão urbana, 
caracterizadas  por  relevo  de  baixa  inclinação  e  próximas  a  áreas  já  ocupadas 
(FLORENZANO, 2002); 
 • a definição da taxa de expansão urbana: delimitação e cálculo do tamanho da 
mancha  urbana  identificada  em  imagens  de  uma  mesma  área  datadas  sucessivamente 
(FLORENZANO, 2002). 
 Várias são as Ciências que se beneficiam de seus resultados, como a Agronomia 
e  o  Urbanismo.  Transpondo  limites  científicos  disciplinares  através  dos  trabalhos  de 
localização dos fenômenos e equacionamento e esclarecimento das condições espaciais, 
o Geoprocessamento é: 
“uma  tecnologia  transdisciplinar,  que,  através  da  axiomática  da 
localização e do processamento de dados geográficos, integra várias 
disciplinas,  equipamentos,  programas,  processos,  entidades,  dados, 
metodologias  e  pessoas  para  coleta,  tratamento,  análise  e 
apresentação  de  informações  associadas  a  mapas  digitais 
georreferenciados.” 
(ROCHA, 2002, p.210). 
TECNOLOGIAS DO GEOPROCESSAMENTO 
Geoprocessamento  é  uma  tecnologia  formada  pela  confluência  de  outras 
tecnologias, a saber: 
 • Sistema de Posicionamento Global (GPS); 
 • Sensoriamento Remoto; 
 • Processamento Digital de Imagens (PDI); 
• Cartografia Digital; 
 • Sistemas Gerenciadores de Banco de Dados (SGBD);
 • Sistemas de Informações Geográficas (SIG). 
Cada  uma  possui  características  que  as  singularizam,  sendo,  ainda,  agrupadas 
entre as que permitem a aquisição de dados (Sensoriamento Remoto, Cartografia Digital 
e GPS), as que permitem a organização, o  gerenciamento e a apresentação dos dados 
(SGBD, Cartografia Digital e SIG) e as que permitemo processamento dos dados (PDI, 
SGBD  e  SIG).  Algumas  se  enquadram  em  mais  de  um  grupo  devido  às  várias 
possibilidades de trabalho que permitem. Porém, todas convergem no SIG. 
AVANÇOS NO CONHECIMENTO 
O Geoprocessamento é um conjunto de atividades de trabalho para o avanço de 
conhecimento  através  da  manipulação  digital  de  informações  espaciais  conforme  um 
sistema de coordenadas de localização definido. Seus resultados servem sempre a algum 
propósito, como no  Mapa de Áreas Indicadas para Aterro Sanitário(ROCHA, BRITO 
FILHO E XAVIER-DA-SILVA, 2004)
, no mapa  Área de risco de enchentes pluviais
(ALCÂNTARA  E  ZEILHOFER,  2006)
 e  no  método  para  determinação  espacial  de 
potenciais  Áreas  de  Preservação  Permanentes  (APP’s) em  topos  de  morro  (HOTT, 
GUIMARÃES  E  MIRANDA,  2004)
,  mostrando-se,  por  essa  condição,  como  uma 
ferramenta de trabalho com implicações políticas e sociais. 
A exemplo dos artigos citados, um trabalho de Geoprocessamento oferece dois 
tipos de contribuição: uma específica de estudo de  caso, com o resultado atendendo a 
demanda  determinada  (enfatizada  nos  dois  primeiros  artigos),  e  outra  metodológica  e 
técnica  (enfatizada  no  terceiro  artigo).  Ainda  como demonstram  estes  artigos,  o 
Geoprocessamento é usualmente realizado por mais deuma pessoa, sendo a equipe de 
trabalho  composta  por  profissionais  de  diferentes  áreas  do  saber  científico.  Isso  se 
justifica  em  parte  pela  quantidade  de  dados  a  ser  processada  e  pela  quantidade  de 
tarefas,  etapas  e  procedimentos  a  serem  metodicamente  seguidos,  porém,  o  principal 
motivo  da  combinação  de  diferentes  profissionais  está  no  uso  ferramental  em 
abordagens interdisciplinares. 
Ao  mesmo  tempo  em  que  demanda  a  articulação  de  diferentes  conhecimentos 
científicos, no adequado processamento digital das  informações espaciais pertinentes à 
solução  da  questão-problema  proposta,  também  a  sua  oferta  é  a  de  um  produto 
interdisciplinar, a ser utilizado como base para a tomada de decisões. 
MOURA,  A.  C.  M.  Geoprocessamento  na  gestão  e  planejamento  urbano.  Belo  Horizonte:  Ed.  da
Autora, 2003.
 MOURA, 2003. Idem.
ROCHA, C. H. B.  Geoprocessamento: Tecnologia Transdiciplinar. Juiz de Fora, MG: Ed. Do Autor,
2000.
FLORENZANO,  T.  G.  Imagens  de  satélite  para  estudos  ambientais.  São  Paulo:  Oficina  de  Textos,
2002.
 FLORENZANO, 2002. Idem.
 ROCHA, 2000. Idem.
ROCHA, C. H. B.; BRITO FILHO, L. F. de; e XAVIER-DA-SILVA, J. Geoprocessamento Aplicado à
Seleção  de  Locais  para  Implantação  de  Aterros  Sanitários.  In:  SILVA,  J.  X.  da;  e   ZAIDAN,  R.  T.
(Orgs).  Geoprocessamento e Análise Ambiental: Aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. Pp.
259-299.
ALCÂNTARA, L. H.; e ZEILHOFER, P. Aplicação de técnicas de Geoprocessamento para avaliação
de enchentes urbanas: estudo de caso – Cáceres, MT. Anais 1º Simpósio de Geotecnologias no Pantanal:
Campo Grande, Brasil. 11-15 de novembro de 2006. Embrapa Informática Agropecuária/INPE, pp.18-27.
HOTT, M. C.; GUIMARÃES, M.; e MIRANDA, E. E. de.  Método para determinação automática de
Áreas  de  Preservação  Permanente  em  topo  de  morros  para  o  Estado  de  São  Paulo,  com  base  em
Geoprocessamento. Campinas / SP: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2004.

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